terça-feira, 14 de junho de 2011

O CAIPIRA

O termo caipira (do tupi Ka’apir ou Kaa-pira, que significa “cortador de mato”), é o nome que os indígenas guaianás do interior do estado de São Paulo, deram aos colonizadores brancos, caboclos, negros e mulatos encontrados no grande interior do estado de São Paulo, sul do estado de Minas Gerais, norte do estado do Paraná, Todo o estado de Mato Grosso.
O professor Câmara Cascudo designa caipira como uma corruptela de “caapora”, palavra de origem tupi que significa “morador do mato”.
Sem sombra de dúvidas o ser humano do interior trás consigo a melancolia, a solidão do caboclo ou do mestiço que com suas roças e queimadas introduziam e incorporavam dos grupos indígenas que travavam contato seus conhecimentos medicinais, geográfico, criando formas de sobrevivência baseadas na lida com ervas do mato e as que já eram usadas anteriormente. Toda casa continha uma série de matos medicinais, vários chás e ervas, assim como no passado a mistura culinária nos proporcionou bolos de milho, mandioca, o eterno fogão a lenha, casas feitas de pau a pique e cobertas de palha ou de sapé.
Religioso, mítico, cheio de ritos, o contato com a natureza descreve de forma sucinta e breve esse ser humano típico de um espaço geográfico definido, devido à todo o processo de nacionalização, integração nacional, todo o complexo da comunicação televisiva querem unir, integrar o país com um tipo de fala e cultura padronizada, acabando por impor aos dialetos do interior, do litoral(caiçaras), grupos quilombolas, grupos indígenas, e a fala da capital que é bem típica o exemplo da capital paulista.
A religiosidade é profunda e marcante, segue uma séries de festas de devoção em todo o interior paulista.     

   
 






Bom Jesus




A devoção ao Bom Jesus da Cana Verde, ao lado de mais uma ou outra de suas denominações, é bastante difusa em todo o estado. Padroeiro de vários municípios, deu origem a cinco centros de peregrinação, sendo dois Santuários, patrono de várias romarias organizadas e cavalarias, de viajantes e pescadores.
Ocorrência: Aparecida, Apiaí, Bananal, Bom Jesus dos Perdões, Brotas, Cabreúva, Conchas, Floreal, Ibitinga, Jardinópolis, Mira Estela, Monte Alegre do Sul, Monte Aprazível, Óleo, Paulo de Faria, Pilar do Sul, Pitangueiras, Ribeira, Ribeirão Bonito, Ribeirão Branco, Rio das Pedras.




Catira




Catira e cateretê são denominações de nossas danças de sapateado, derivadas do antigo fandango português. Ponteiam todo o Estado, incluindo-se a grande São Paulo.
Com os Encontros de Catira no Revelando São Paulo buscamos estimular a participação das crianças e grupos de jovens.
Ocorrência: Álvares Florence, Arealva, Caconde, Cardoso, Cidade de São Paulo, Barretos, Bauru, Dracena, Dois Córregos, Gastão Vidigal, Guapiaçu, Guarulhos, Holambra, Ibirá, Joboticabal, Mauá, Monte Aprazível, Nhandeara, Novo Horizonte, Osasco, Palestina, Palmital, Platina, Paraguaçu-Paulista, Paranapuã, Paulo de Faria, Piracicaba, Poloni, Sabino, Santa Fé do Sul, São José dos Campos, Sorocaba, Tabatinga, Tanabi, Tapira, Taubaté, Urupês, Votuporanga.


Cavalarias



Cavalarias (a denominação mais usual) e cavalgadas como sinônimos de quantidades de cavalos, reunião de pessoas a cavalo, reunião ou marcha de cavaleiros com finalidade de lazer ou mesmo religiosa, são um traço comum em todo o Estado, com área de maior concentração na Grande São Paulo e no Cone Leste, mostrando o grande o gosto, o prazer de significativa parcela dos cidadãos de todas as classes sociais no trato com os cavalos. Sua expressão mais significativa se dá nas inúmeras romarias a cavalo e nas cavalarias de São Benedito. Com orgulho, cavaleiros e amazonas de todas as faixas etárias e classes sociais participam dos mais variados eventos populares que acontecem à parte do universo chamado country.
Ocorrência: Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Caconde, Cajuru, Cidade de São Paulo, Diadema, Espírito Santo do Turvo, Guararema, Guaratinguetá, Jaboticabal, Jaguariúna, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Nazaré Paulista, Osasco, Pilar do Sul, Pindamonhangaba, Piquete, Santa Isabel, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano, Suzano, São José dos Campos, Silveiras, Vargem Grande Paulista.



Cavalhadas




Há hoje em São Paulo duas modalidades de cavalhadas. Aquelas que reelaboram os relatos das lutas de Carlos Magno e os Pares de França contra os Mouros (lutas de Mouros e Cristãos) estruturando-se simbolicamente a rivalidade em dois campos que se opõem, nas investidas que cada grupo faz ao campo adversário e na oposição das cores: - azul para os Cristãos e vermelho a dos Mouros. O conflito é acirrado com mortes, raptos, prisões, embaixadas e resgates.

Os cavaleiros (12 representando Mouros e 12 representando Cristãos) sempre muito hábeis nas manobras com seus animais, esforçam-se em campo para dar conta do entrecho dramático através de carreiras e evoluções, em duplas ou grupais, de manejos de espadas, lanças e tiros de festim, e com a participação de coadjuvantes mascarados, sempre em números variáveis. A luta termina com a vitória dos Cristãos e a conversão dos Mouros.

A outra modalidade de Cavalhada, registrada no Brasil já no século XVI, sem entrechos dramáticos, estrutura-se em uma série variável de jogos montados:- das argolinhas, das canas (lanças), as alcancias. São muitas as notícias destes jogos eqüestres dentro da cidade de São Paulo no século XIX, o que sugere que os paulistas já possuíam um gosto especial pelo divertimento.
Ocorrência: Franca, Guararema e São Luís do Paraitinga (Mouros e Crsitãos), Igaratá e Santa Isabel (de Jogos). 



Congos




Congos, Congadas são folguedos que comumente aparecem na forma de préstitos (cortejos), os participantes cantando e dançando, em festas religiosas ou profanas, homenageando, de forma especial, São Benedito. Muitos destes folguedos cumprem também um papel auxiliar no catolicismo popular, ajudando tantos e tantos devotos a cumprir suas promessas. Sua instrumentação varia em cada região, havendo destaque para a percussão, sempre com muito peso estimulando muitos momentos de bailados vigorosos e manobras complicadas. Há congos de sainhas, com grande quantidade de caixas, com chapéus de fitas, com manejos de bastões e espadas (alguns grupos exibindo exemplares dos Exércitos dos tempos do Império e início da República).

Às vezes possuem reinado (rei, rainha, vassalagem) envolvendo parte dramática com embaixadas e lutas. Dentre estes, as mais completas são as congadas do Litoral Norte (Ilhabela e São Sebastião), por suas estruturas complexas e presença das marimbas.
Ocorrência: Altinópolis, Aparecida, Atibaia, Briritiba-Mirim, Caçapava, Caraguatatuba, Cotia, Cruzeiro, Cunha, Franca, Guararema, Guaratinguetá, Ilhabela, Itapira, Jacareí, Lorena, Lourdes, Manduri, Mogi das Cruzes, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Morungaba, Paraibuna, Pindamonhangaba, Piracaia, Piraju, Redenção da Serra, Salesópolis, Salto Grande, Santa Izabel, Santa Cruz do Rio Pardo, Santo Antônio da Alegria, Santo Antônio do Pinhal, São José dos Campos, São Luiz Paraitinga, Suzano, Tapiratiba, Taubaté, Ubatuba.
 

Encontro de Folia de Reis



É tão expressiva a presença das Folias de Reis ao Norte e Noroeste paulista que muitos dos municípios da região realizam grandes Encontros de Folias de Reis que chegam a mobilizar acima de 50 grupos em cada um, afluxo de devotos e fartura de comezainas. No calendário dos eventos buscam os organizadores nos muitos municípios não coincidir datas, o que em muitos momentos torna-se inevitável, estendendo-se os mesmos até o mês de Maio, com interrupções pelo período quaresmal, e até mesmo pelo 2º semestre.
Ocorrência: Altinópolis, Alto Alegre, Américo de Campos, Araraquara, Araras, Barretos, Barrinha, Batatais, Bebedouro, Bento Quirino, Borá, Brodósqui, Caconde, Cajuru, Campinas, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cássia dos Coqueiros, Catiguá, Cedral, Cidade de São Paulo, Cosmorama, Coutinhos, Cruzeiro, Cunha, Dracena, Estrela D'Oeste, Fernandópolis, Flora Rica, Florínea, Franca, Gastão Vidigal, Guardinha, Guarulhos, Getulina, Ibirá, Ilha Solteira, Indiaporã, Ipuã, Itapiratiba, Itirapuã, Ituverava, Jaborandi, Jaboticabal, Jales, José Bonifácio, Juquitiba (Festa de Reis), Lins, Lourdes, Lupércio, Meridiano, Miracatu (Reis), Mirassol, Mococa, Mogi das Cruzes, Monções, Monte Aprazível, Nhandeara, Nova Aliança, Nova Granada, Nova Lusitânia, Pacaembu, Palmital, Parapuã, Penápolis, Peruíbe, Piquete, Piratininga, Pitangueiras, Pontes Gestal, Potirendaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, Sales, Sales Oliveira, Santa Rosa do Viterbo, Santo André, Santo Antônio da Alegria, Santópolis do Aguapeí, São Bernardo do Campo, Sào Caetano do Sul, São Francisco, São José do Rio Preto, São Luiz do Paraitinga, São Pedro do Turvo, Serra Azul, Serrana, Silveiras, Taciba, Tambaú, Taubaté, Três Fronteiras, Tupã, Urupês, Viradouro, Votupuranga.


Festas do Divino


A devoção ao Divino Espírito Santo constitui-se em um dos fortes núcleos das devoções populares em São Paulo. Herança do colonizador português se exterioriza de diversas formas, resultando sempre em grandes festas, sendo estas das mais cheias de pompa e espetacularidade desde os tempos do Brasil Colônia. Da celebração festiva já faziam parte os imperadores, mordomos, bandeireiros, império e levantamento do Mastro do Divino.

Festa do Divino
Acreditamos, que as Festas do Divino sejam das mais difusas por todo o Estado, concentradas no tempo Pentecostal prescrito pela Igreja e fora dele, quase sempre cheias de pompa e espetacularidade. São muitos os municípios que as realizam com imponência e fartura de comezainas. Assumem peculiaridades regionais, ressaltando-se das que são organizadas no Médio Tietê os famosos encontros fluviais das Irmandades do Divino em grandes batelões. Nas do Litoral e Vale do Paraíba multiplicam-se os cortejos de muitos devotos, cada qual com sua bandeira votiva. Ainda nesta região são comuns os cortejos a cavalo (as famosas cavalarias), e a farra do João Paulino e a Maria Angu (bonecos gigantes). Nelas não podem faltar o levantamento do Mastro Votivo, o Império do Divino ricamente ornamentado, e as comidas, símbolo da maior graça do Divino - a fartura.
Ocorrência: Angatuba, Anhembi, Araçoiaba da Serra, Arandu, Biritiba-Mirim, Buri, Cananéia, Capão Bonito, Caraguatatuba, Conchas, Cotia, Cunha, Divinolândia, Iguape, Itu, Jacupiranga, Laranjal Paulista, Lagoinha, Mogi das Cruzes, Nazaré Paulista, Nuporanga, Paraibuna, Pereiras, Piedade, Piracaia, Piracicaba, Porongaba, Porto Feliz, Ragoinha, Santa Branca, Salesópolis, São Luís do Paraitinga, Silveiras, Suzano, Tietê, Ubatuba, Ubirajara.
Folias do Divino
São pequenos grupos de até 5 pessoas, os Foliões do Divino, que, com suas jornadas, meses participam da preparação das Festas do Divino, visitando as casas das zonas rural e urbana, cantando os feitos e os poderes do Divino Espírito Santo, recolhendo donativos, sempre abundantes, para sua celebração. Percorrendo assim as comunidades de canto a canto e anunciando a festa, avivam a fé no Divino.
Ocorrência: Anhembi, Caconde, Cananéia, Cunha, Iguape, Itanhaém, Itu, Itapeva, Lagoinha, Laranjal Paulista, Mogi das Cruzes, Natividade da Serra, Paraibuna, Piracicaba, Redenção da Serra, Salesópolis, São Luís do Paraitinga, São José dos Campos, Tietê, Ubatuba. 

Os textos sobre o folclore estão disponiveis em www.brazilsite.com.br


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