sexta-feira, 8 de julho de 2011

História Pretérita

A semente para a esperança começa com uma promessa, com a continuação dos sonhos em uma nova promessa, em um novo discurso, mas os sonhos esses se revigoram, quase como se a realidade se materializa após as palavras de campanha, os sonhos e as esperanças perduram a mais de uma década. Esse texto está sendo escrito em março de 1995.
     O sonho do sertanejo não desaparece mesmo após alguns milhões serem gastos em obras faraônicas. Algumas palavras podem representar mais que sonhos, tornando-se quase palavras concretas. Uma palavra escrita ou dita pode destruir a realidade de muitos brasileiros. Nesse ano a realidade nos mostra que o clientelismo, a corrupção, a incompetência e o descaso tornaram-se sinônimos para serem usados no cotidiano, quase que comum, é perfeitamente compreensível que a barragem não foi adiante esse ano, o açude vai ficar para o inverno, tudo bem que o projeto de irrigação não chegou ainda. Graças a Deus que choveu.
     Na eleição do atual presidente Fernando Henrique Cardoso (sociólogo) foi dito em campanha e em companhia de muitos deputados e muitas famílias pobres e ricas das regiões (Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte) que com os açudes que terão pescado para muitas famílias; foi o que prometido no discurso nas cidades de Iguatu, no Ceará, São João do Piauí, no Piauí, Jucurutu, no Rio Grande do Norte, todas essas cidades estão com obras em açudes desde final da década de 80. Desde o ano de 1983 o açude de Serrinha no sertão pernambucano que nas falas patrióticas alimentaria 3.100 fam ílias por dia, somente com a produção de pescado. Serrinha até o presente ano de 95 (março de 1995) consumiu em sua construção 20 milhões de reais e 95% da sua estrutura está concluída. Então o sonho do morador sertanejo, as famílias esperam pelo término de 5% do restante do açude ao custo de 4 milhões e a esperança que as palavras e os sonhos se realizarão.
     Nesse final de trimestre de 95 cabe ressaltar que o Plano Real implantado no governo Itamar Franco, cujo Ministro da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso, hoje atual presidente eleito com 55% dos votos, propôs um novo modelo de desenvolvimento econômico e a integração da nossa República ao mercado mundial com uma política agressiva de privatizações; ao contra ponto das privatizações o governo federal desenvolveu uma gama de políticas sociais de transferência de renda para as camadas populares mais carentes, com os programas chamados de ‘vale gás’, o ‘bolsa alimentação’ e o ‘bolsa escola’.
    O ministro Gustavo Krause (Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal) e o ministro José Serra (Ministério do Planejamento) receberam um dossiê que demonstra os valores, o tempo e as obras que começaram e estão inacabadas, as diversas planejadas, que já consumiram parte do orçamento sem ao menos sair do projeto. O documento federal recebido pelos os Ministros Serra e Krausse, os colocam cientes da “fábrica de dinheiro que é a seca”, objetivamente cita o desperdício de verbas públicas em constantes obras de combate a seca; infelizmente a indústria do orçamento no interior do Congresso, onde poucos, mas ativos parlamentares criam emendas que parecem beneficiar determinados setores da iniciativa privada, especificamente as empreiteiras.
     O dossiê do governo federal relata 50 projetos inacabados em 1995. Mas agora com o conhecimento dos ministros do Meio- Ambiente e do Planejamento, acredito que os sonhos da ‘família sertaneja’ se concretizarão. A seca não mais será um fardo, um espectro que circunda a sua vida. Como  o governo federal, FHC otimizarão seus conceitos em Copenhague, cuja cidade recebe a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social, cujos princípios estão sendo recebidos pelos governantes do mundo (Fernando Henrique Cardoso, Klausse, Pedro Malan poderão dialogar com Bill Clinton sobre privatização, e  de diminuição de gastos públicos em programas sociais).  A declaração estipula um programa com dez pontos importantes; um me chama a atenção que é a erradicação da pobreza e suas conseqüências como o alto índice de mortalidade infantil no Brasil, mas especificamente nas áreas das três cidades citadas (CE, RN e PI ),se as metas forem alcançadas no prazo e como  um novo mundo, perfeito, quase sem desigualdades.
     Como explicar que em 16 anos na região mais carente do Brasil o semi- árido recebeu mais de R$ 408 milhões de reais em verbas saídas em Projetos Parlamentares do Congresso ou verbas de caráter emergenciais mas que apenas prestam socorro mas não resolvem o problema. Os açudes construirão mais que sonhos nesse ano de 95, pois terminados no tempo previsto (como foi prometido em palanque por FHC, Serra, e inúmeras lideranças locais) não mais existirá o flagelo da seca.
     A seca continuará, pois é um fenômeno natural, mas com os açudes prontos o Sertão terá irrigação e conseqüentemente uma extensa produção agrícola, em lotes familiares com a reforma agrária, pequenas ou grandes propriedades particulares se beneficiarão. Mais dignidade, não apenas sobreviver mais um ano, mas sim construir o futuro com sonhos realizados.
     O atual governo do PSDB e aliados (acima de todos o PFL mais o PSDB , quebraram o monopólio estatal ligado ao petróleo e nas áreas relativas a comunicação), o presidente FHC, seus ministros citados prometeram equacionar o problema com a colaboração dos governadores ( são oitos estados afetados pela seca) e prefeitos da região; as obras até então interrompidas dentro do possível serão retomadas e as demais terminadas em até três anos. O atual governo possui uma sólida base parlamentar para empreender as mudanças sociais necessárias.
     Achei interessante colocar essas três cidades em contato direto com Araraquara, você pode, visualiza-lá geograficamente, e opinar sobre o que ocorre na região do semi-árido brasileiro. Segue uma serie de fotos de obras até então inacabadas.          
"Trabalhadores vão para a construção de açude no Ceará", 1983, foto de Sebastião Salgado
              

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho importante comentar que mesmo depois de quase nove anos de governo PT, estas obras ainda não estão completas, portanto também é importante salientar que assim como nomeou-se todos os Ministros que ocupavam estas cadeiras no Governo FHC, também se nomeiem os que ocuparam no Governo Lula!